O Junho Violeta é o mês dedicado ao combate à discriminação e a violência contra as pessoas idosas. Agora, mais do que nunca, é preciso falar sobre isso porque a pandemia do novo coronavírus tem potencializado as situações de preconceito, hostilidade, humilhação e violência contra os 60+.
Fato que corrobora esse aumento é que o geriatra Alexandre Kalache, em recente entrevista o jornal Folha de São Paulo, disse que houve um aumento de 50% nas ligações nos canais formais de denúncia. Esse aumento pode acontecer por diversos motivos, como a convivência intensa de todos em casa, dificuldades financeiras de alguns integrantes da família e sobrecarga no cuidado da casa e dos familiares.
Mas, o que é exatamente a violência contra a pessoa idosa? De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a violência contra os 60+ se define como qualquer ato, único ou repetitivo, ou omissão, que ocorra em qualquer relação supostamente de confiança, que cause dano ou incômodo à pessoa idosa. E nesse contexto temos diferentes tipos de violência.
- Psicológica – quando alguém agride verbal ou gestualmente a pessoa idosa com intenção de magoar, desmoralizar, desprezar, amedrontar ou discriminar. Pode levar à baixa autoestima, sofrimento mental, isolamento, solidão e quadros de depressão;
- Física – ocorre quando há uso de força de forma intencional para obrigar a pessoa idosa a fazer algo que não quer, ou para ferir e provocar dor. Pode deixar marcas e lesões no corpo e comprometer a integridade física da pessoa idosa e até morte;
- Sexual – é um tipo de abuso em que a pessoa idosa é levada a ter relações sexuais ou práticas eróticas sem consentimento. O abusador faz uso de poder, força física, coerção, intimidação ou influência psicológica para violentar a pessoa idosa;
- Financeira/Patrimonial – consiste na exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não permitido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e/ou patrimoniais;
- Abandono – manifestado na ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção;
- Negligência – é um tipo de violência que ocorre quando a pessoa idosa é negligenciada (descuidada) por quem deveria cuidar dela. É a recusa ou omissão de familiares ou instituições responsáveis em prover cuidados básicos aos 60+. A negligência é uma das formas de violência mais presente no país. Ela se manifesta, frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade;
- Institucional – acontece quando os agentes públicos ou outros profissionais que deveriam zelar pelos direitos das pessoas idosas não o fazem de forma efetiva, agindo de forma discriminatória e preconceituosa;
- Autonegligência – é quando a própria pessoa idosa não pratica autocuidados básicos para manutenção da sua saúde.
E cada um desses tipos de violência desencadeia nos 60+ diferentes reações, que vão desde a solidão, raiva e medo a comportamentos inadequados e agressivos.
Todo e qualquer tipo de abuso deve ser denunciado e existem canais próprios para isso. No entanto, a pessoa idosa que tem consciência de que algo de errado está acontecendo pode ter dificuldade em denunciar porque, muitas vezes, quem o pratica é um filho (a), neto (a) ou outro familiar próximo. E o constrangimento por trazer à tona esse problema pode fazer com que muitos se calem, agravando os abusos e evitando que as medidas devidas sejam tomadas.
Para combater a violência contra pessoas idosas, todos nós precisamos fazer alguma coisa. Somos responsáveis por notificar os abusos aos órgãos competentes. Se você souber ou presenciar algum tipo de violência, DENUNCIE.
Canais de denúncia anônima:
- Disque 100 ou 0800 311119– Direitos Humanos
- Disque 190 – Polícia
- Disque 180 –Central de Atendimento à Mulher
Em Belo Horizonte, outros canais de denúncia são:
Centros de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS Regionais
- Barreiro: 3277-9106
- Centro-Sul: 3277-7687/ 3277-6323
- Leste: 3277-4094
- Norte: 3246-8012
- Nordeste: 3277-6000
- Noroeste: 3277-6917
- Oeste: 3277-6560
- Pampulha: 3277-7865
- Venda Nova: 3246-9019
- Defensoria Pública 3349-9410/ 3349-9400 / 3349- 9550
- Promotoria de justiça de defesa dos direitos da pessoa idosa e pessoa com deficiência – (31) 3295-2045
Nos links, você pode conferir um guia da Prefeitura de Belo Horizonte sobre atendimento às vítimas de abusos, além da íntegra da entrevista do geriatra Alexandre Kalache e uma matéria da TV Globo sobre aumento da violência contra pessoas idosas.
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Com colaborações de Mariane Coimbra e Paula Chacon