Escrito por Carla Santana e Mariane Coimbra

No contexto da longevidade, uma das grandes aspirações é manter a autonomia e independência por mais tempo e com mais qualidade. Como falamos no texto de Gerontecnologia, as tecnologias têm muito a contribuir nesse sentido! Especialmente as tecnologias assistivas. Você já ouviu falar nelas? 

As tecnologias assistivas são um conjunto de recursos, estratégias e serviços criados com o intuito de promover mais autonomia, independência e acessibilidade para as pessoas com limitações nas atividades que possam restringir a sua participação plena na sociedade. A tecnologia assistiva está desempenhando um papel cada vez mais importante na promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas idosas. 

Essas tecnologias e inovações têm o poder de transformar vidas, oferecendo soluções personalizadas para superar desafios físicos e cognitivos que estão relacionados ao processo de envelhecimento. Quem não se beneficiaria de uma lente de aumento quando tem dificuldades para ver com nitidez? Ou ainda não acharia útil usar uma barra de apoio para se apoiar e conseguir tomar seu banho com segurança?

Ao pensar em tecnologias é comum que as pessoas pensem em aparatos complexos, com alto desenvolvimento. Mas na verdade as tecnologias assistivas englobam uma diversidade de recursos, desde equipamentos como cadeiras de rodas, andadores, aparelhos auditivos, até robôs assistentes pessoais. Todos eles, independentemente do nível de sofisticação e complexidade, têm em comum o objetivo de facilitar a vida das pessoas que necessitam.

 Se você usa um aplicativo de celular para lembrar da medicação ou de alguma tarefa a ser feita, você já é assistido (a) por uma tecnologia, ou seja, uma tecnologia assistiva já está te apoiando em uma tarefa importante. Isso vale para um par de óculos, um aplicativo de celular para lembrar a hora de remédio, uma bengala de apoio, uma agulha de crochê com o cabo engrossado e tantas outras soluções tão integradas às nossas vidas. 

Um ponto importante a se observar nessas tecnologias é que elas sejam desenvolvidas com base nas necessidades e características reais de seus usuários. E neste sentido, se faz necessário que os desenvolvedores de tecnologias  – empresas, designers, engenheiros, arquitetos, dentre outros – estejam conectados com as necessidades das pessoas que estão envelhecendo. Ou melhor, reconheçam as pessoas idosas como importante parte da sociedade e tenham esta preocupação de pensar e construir um ambiente, e todas as estruturas e objetos que fazem parte dele, adequado para todos. Isto inclui o transporte, o comércio, a cidade, os serviços e tudo o que está relacionado a vida de uma pessoa. Afinal, como circular com andadores, bengalas, cadeiras de roda, em ruas e locais com barreiras?

Para além do uso pessoal das tecnologias assistivas, é fundamental pensarmos em acessibilidade e em ambientes amigáveis para pessoas idosas. Um ambiente acessível é aquele em que indivíduos com qualquer tipo de limitação, temporária ou permanente, podem funcionar independente e prazerosamente, porque o ambiente se ajusta às  suas capacidades (Neri, 2022) Além disso, é pensar em arquiteturas (ou design de ambientes) que considerem as possíveis perdas funcionais  e assim, construir e adaptar ambientes que tornem possível a mobilidade, independência, a autonomia, a segurança, o conforto e o bem estar da pessoa idosa nos ambientes por onde circula.

Nesse sentido, é importante que o desenvolvimento das tecnologias assistivas parta de abordagens amplas e abrangentes, que considerem não apenas as capacidades físicas e cognitivas de cada indivíduo, mas também seus interesses, preferências e contexto social.

Agora que você já sabe o que são tecnologias assistivas, cabe refletir sobre como elas têm feito parte do seu dia-a-dia! Você já observou alguma necessidade sua ou de alguém que você conhece que poderia ser facilitada por uma tecnologia? Mesmo que esta seja uma solução bem simples?

As tecnologias assistivas podem compensar as mudanças sobre o seu corpo que foram trazidas pelo processo de envelhecimento e facilitar uma vida mais independente e autônoma. 

Mas é importante quebrar tabus e preconceitos na adoção de uma tecnologia assistiva, por isso é necessário reconhecer as necessidades e buscar as soluções. Ao investir em inovações acessíveis, centradas no usuário e culturalmente sensíveis, podemos promover uma sociedade mais inclusiva e solidária, onde todas as pessoas, independentemente da idade ou habilidades, possam participar ativamente e desfrutar de uma vida com dignidade e bem-estar.

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REFERÊNCIAS

PARA SABER MAIS

 

Vídeo:

 

 

Textos:

  • Older People’s Needs and Opportunities for Assistive Technologies, Gaja Zager Kocjan, Tanja Špes, Matija Svetina, Nejc Plohl, Urška Smrke, Izidor Mlakar & Bojan Musil (2023) Assistive digital technology to promote quality of life and independent living for older adults through improved self-regulation: a scoping review, Behaviour & Information Technology, 42:16, 2832-2851, DOI: 10.1080/0144929X.2022.2149423

Assistive digital technology to promote quality of life and independent living for older adults through improved self-regulation: a scoping review (tandfonline.com) 

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