“Compositor de destinos

Tambor de todos os rítmos

Tempo tempo tempo tempo

Entro num acordo contigo

Tempo tempo tempo tempo”

Caetano Veloso

O aumento da expectativa de vida é realidade no nosso país e temos que nos preparar para esse contexto, tanto para que sejamos capazes de usufruir da longevidade e, também usar nosso conhecimento a favor de pessoas que precisam de nossos serviços.  Vamos conversar sobre nossas relações com o tempo.

O tempo pode ser medido em meses, dias, horas, mas existe uma percepção subjetiva de sua passagem por meio das experiências vividas.  Ao se dar conta de sua escassez, entramos em contato com a realidade da nossa finitude e daqueles que nos rodeiam. Por este motivo, profissionais que lidam com indivíduos maduros precisam ter consciência do impacto do uso do tempo na saúde e no planejamento para a longevidade. Além disso, temos como desafio possibilitar, de acordo com cada especialidade, que o tempo de vida dos maduros seja bem aproveitado a partir do envolvimento e participação em atividades significativas, que estes desejam e precisam realizar.

O tempo é um recurso precioso e o seu uso precisa de cuidado e planejamento para que haja também um melhor direcionamento. Por exemplo, o trabalho é uma das atividades em que mais gastamos nosso tempo, assim é importante que ele tenha um sentido para que não se perca a motivação.

O tempo é relativo, mas para quem precisa de cuidados, esse tempo não pode ser perdido. Seu cliente fez a escolha de estar com você e confia na sua competência para ajudá-lo, por isso esteja atento, demonstre respeito, afeto e acolhimento.

Você já parou pra pensar que seu atendimento pode ser uma das poucas oportunidades para o idoso se expressar, compartilhar sentimentos e ser acolhido em suas necessidades?

Lidar com clientes maduros nos faz refletir sobre nossa própria vida e é uma oportunidade para aprender e trocar lições valiosas. 

A pandemia trouxe grandes impactos, especialmente para os idosos que tiveram grandes restrições. Os profissionais tiveram que se reinventar nas formas de atender e promover saúde, sendo uma delas através da inserção da tecnologia para os atendimentos no sentido de facilitar os processos e favorecer maior inclusão e participação social.

Cada profissional tem sua área de especialidade e pode dar diferentes soluções para um único problema, como, por exemplo, o arquiteto pode criar espaços que favoreçam a socialização de forma segura, o terapeuta ocupacional pode organizar a rotina e ambiente para que sejam estimulantes, o geriatra pode fazer intervenções farmacológicas para manejo do humor, dentre outros. 

Caminhos: relações com o tempo

Você pode começar se perguntando: Como está sua relação com o tempo? Como você tem usado seu tempo para envelhecer melhor? Há equilíbrio entre as atividades desempenhadas? Quais os hábitos e rotinas que te ajudam no caminho para a longevidade? Estas são provocações para que, como profissionais, sejamos exemplos vivos da busca pela saúde e equilíbrio ocupacional, o que nem sempre é possível, mas deve ser uma busca constante no sentido de compreender os desafios e poder auxiliá-los com estratégias práticas de quem vivencia isso diariamente. 

Após conseguir responder a si mesmo, faça estas perguntas ao idosos que acompanha. Faça uma avaliação, defina metas, acompanhe as evoluções e verifique os resultados, pois a organização do uso do tempo e estruturação de uma rotina saudável é um hábito e leva tempo para ser assimilado no cotidiano, exigindo grande esforço.

Matriz de Eisenhower

O profissional é aquele que abre possibilidades, que apresenta novas alternativas, sendo conexão entre o querer e o fazer, porém, não se pode perder de vista os desejos e objetivos de seu cliente em função das suas próprias crenças pessoais.

Ajude-os a usar estratégias adaptativas e facilitadores na organização do tempo como agendas, listas de tarefas, diários de atividades, quadros, calendários ou planners, sejam eles recursos físicos ou virtuais. Avalie qual desses atende melhor ou estimule uma combinação entre eles. Lembre-se que para todo recurso adicionado é preciso treiná-lo. 

Auxilie na construção de um quadro com as tarefas:

  1. Urgentes e importantes;
  2. Urgentes, mas não importantes;
  3. Importantes, mas não urgentes;
  4. Não urgentes e não importantes.

Faça uma avaliação do contexto e do prazer em realizar atividades durante as mesmas. A organização do tempo é particular de cada pessoa, não use uma regra para todos, pois isso certamente não dará certo. Cada pessoa tem um horário em que tem mais energia, assim é importante priorizar nesse momento as atividades que exigem mais atenção, criatividade ou disposição física. 

Tente respeitar o ciclo circadiano e priorize os horários com luz natural para propor atividades motoras e cognitivas, ao escurecer tente ir diminuindo o nível de atividade aos poucos em prol do sono. Cuidado para não impor uma rotina com muitas atividades e uma produtividade inalcançável ao 60+. Em tempos de pandemia, o autocuidado tem que ser priorizado.

Faça registros dos resultados alcançados com seus serviços para melhor visualização e manutenção da motivação.

Cuidado com as distrações!

Pesquisas mostram que idosos passam 33% do seu tempo dormindo, 25% com atividades de lazer e apenas 7% com socialização – esses dados trazem um panorama de quais as áreas mais críticas para intervenções no sentido de promover um melhor equilíbrio entre o uso do tempo em cada área da vida.

Tendo em vista que idosos passam longos períodos em atividades de lazer passivas, como assistir TV, analise como o idoso gasta seu tempo e estimule participação em atividades físicas, criativas e lúdicas como estratégia de diversificação. Estimule a organização, priorização, gestão do tempo para que possam desempenhar atividades prazerosas, tenham estímulos variados dentro e fora de casa com segurança.

Linha de chegada 

Com isso em vista você poderá auxiliar os maduros que acompanha na sua melhor organização e uso do tempo, manter a funcionalidade e autonomia e além disso, ter maiores chances de impactar positivamente ao levar em consideração sua história de vida.

Outras partidas

Documentário: Quanto Tempo o Tempo Tem (Netflix)

Artigos: SANTOS, Claudia Aline Valente; KUSUMOTA, Luciana. Felicidade e atividades prazerosas de idosos: um estudo comparativo. 2018.Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2018.

DOIMO, L. A.; DERNTL, A. M.; LAGO, O. C. O uso do tempo no cotidiano de mulheres idosas: um método indicador do estilo de vida de grupos populacionais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 4, p. 1133-42, ago. 2008.

Site: https://vidaorganizada.com/

Livros: A arte de fazer acontecer – David Allen

A tríade do tempo – Christian Barbosa

Gostou da leitura? Está preparado para refletir sobre suas relações com o tempo?

Conheça a Rede Longevidade.

Acompanhe nosso Instagram, YouTube, Facebook e LinkedIn.

× Olá!