Para cuidarmos bem das pessoas idosas, precisarmos dedicar um tempo aos medicamentos que elas estão usando. Os medicamentos podem ser grandes aliados do cuidado, mas quando não escolhidos adequadamente ou quando prescritos desnecessariamente, podem se tornar um grande vilão para a saúde dos mais velhos.
É muito frequente atendermos pacientes que chegam ao consultório e trazem uma sacola cheia de remédios, dos mais variados, como anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, indutores do sono e diversas vitaminas. O papel do profissional de saúde que atende esse paciente é o de ter um olhar crítico sobre esses medicamentos e orientar adequadamente os pacientes e seus acompanhantes.
O risco dos medicamentos após os 60 anos
Boa parte dos problemas de saúde trazidos ao consultório pelos idosos, e também outros agravos que às vezes nem são notados, se devem a algum medicamento usado. Dentre esses problemas podemos citar as quedas, tonturas, constipação intestinal, incontinência urinária e até a piora da cognição.
Com o avançar da idade é natural haver uma carga de doenças progressivamente maior. Sabemos que assim como a hipertensão arterial sistêmica tem incidência maior nos maiores de 60 anos, do que na população menor de 60, o mesmo acontece com diversas outras doenças, como a diabete, a doença renal crônica, a artrose e, certamente, as demências.
Essa associação de doenças ou comorbidades, por si só, já faz com que a terapêutica farmacológica dos mais velhos seja complexa: as interações medicamentosas e a adesão ao tratamento se tornam desafiadoras.
Além da associação de doenças e, consequentemente de fármacos, os idosos apresentam mudanças fisiológicas em seu organismo, que afetam diretamente o metabolismo dos medicamentos
Com o envelhecimento ocorrem mudanças fisiológicas na composição do organismo. Há uma redução da água corporal, a massa magra (músculos e ossos) também sofre grande retração em seus compartimentos e acontece um aumento da quantidade de gordura no corpo. Essas mudanças da composição corporal têm reflexos diretos na ação dos medicamentos.
A Desprescrição e a reconciliação medicamentosa
Uma parte do nosso tempo de atendimento deve ser dedicada à revisão dos medicamentos, à desprescrição e à reconciliação medicamentosa. É certo que frequentemente encontraremos oportunidade de suspender um mais medicamentos, ou por causa de algum evento adverso ou porque ele já não é mais necessário ao plano terapêutico. A reconciliação também poderá ser feita, por meio da escolha de opções melhores àquele paciente específico ou ajustando horários e preferências. O importante é lembrar que a medicação precisa sempre ser revisada!
Diante disso, pudemos ver como é importante conhecermos a farmacologia dos medicamentos que costumamos prescrever para os idosos, e sempre possível fazermos escolhas melhores e, ajustes de doses e de intervalos com significativa redução de eventos adversos relacionados à medicação.
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