Como os maduros podem aproveitar a quarentena para se conhecer melhor e explorar novas possibilidades com seus parceiros e os cuidados necessários nas relações sexuais e afetivas. Vamos refletir sobre a pandemia de coronavírus e sexualidade.

A sexualidade na maturidade ainda é um assunto que gera muitas dúvidas e preconceitos, apesar de ser mais abordado e bem aceito que em outros tempos. No decorrer dos últimos anos, o aumento da expectativa de vida e as mudanças no perfil das pessoas idosas – mais ativas e engajadas na vida social, cultural e econômica – colocou em pauta a sexualidade de uma forma ampliada, para além do ato sexual em si. Muitos profissionais começaram a compreender a importância da sexualidade após os 60 anos e a estimular formas variadas de satisfação dos desejos e prazeres entre os maduros. Diversos familiares passaram a aceitar que seus pais, tios e avós não são pessoas assexuadas e se abriram para conversar sobre o assunto de forma respeitosa e consciente; e os próprios 60+ se permitiram continuar vivendo sua sexualidade nessa nova etapa, compreendendo que a velhice não marca o fim do sexo.

A sexualidade no contexto do novo coronavírus

A pandemia trouxe uma situação delicada: como continuar vivendo a sexualidade no contexto em que beijos, abraços e carícias devem ser evitados para prevenir a transmissão do novo coronavírus? Como continuar demonstrando afeto sem poder tocar o outro por medo de ser contaminado? 

Primeiramente, é preciso entender o contexto. A Covid-19 é uma doença perigosa e ainda não temos uma vacina ou tratamento eficaz estabelecido, portanto a prevenção é de fato a melhor opção. Mas, isso não será para sempre! Há muitos estudiosos trabalhando para encontrar essas saídas que nos permitirão voltar a conviver com mais tranquilidade. Por enquanto, o fundamental a fazer é: 

  • Manter as rotinas de higiene pessoal e da casa;
  • Evitar, ao máximo,  sair de casa; 
  • Ficar em quarto separado, se o parceiro ou parceira apresentarem algum sintoma de Covid-19, como febre, tosse, perda de olfato ou paladar;

Sete dicas para soltar a  criatividade e imaginação nas relações sexuais 

  1. Valorize a intimidade: mantenha o carinho e respeito sempre ativos. Resgate memórias positivas do início do relacionamento e converse sobre as mudanças de maneira aberta, compreendendo que as adaptações em função do envelhecimento podem ser vivenciadas juntos;
  1. Pratique pompoarismo: a lei da gravidade, as mudanças de peso ao longo do tempo e gestações (no caso das mulheres) têm um efeito cruel sobre homens e mulheres: eles deixam a musculatura do assoalho pélvico “frouxa”. Para fortalecer e melhorar o tônus muscular é possível praticar alguns exercícios simples de pompoarismo;
  1. Se toque: a masturbação nada mais é do que o ato de tocar a si mesmo(a) com o objetivo de gerar prazer. Você pode aproveitar para se conhecer melhor, observando o que te faz sentir bem;
  1. Use lubrificante íntimo: problemas com a falta de lubrificação e ressecamento podem ser bastante incômodos. Uma alternativa simples para auxiliar nesse problema é o uso de lubrificantes íntimos que podem ser encontrados em farmácias ou sex shops;
  1. Aproveite os acessórios: alguns acessórios vendidos em sex shops online ajudam a ter mais prazer, inclusive após os 60 anos. Vibradores, por exemplo, podem ser ótimos para mulheres que não tem parceiros explorarem seu próprio corpo sozinhas. Casais também podem utilizar o acessório para agregar na relação sexual e compensar o tempo menor de ereção. Outro acessório interessante é o anel peniano, que ajuda a manter a ereção por um período maior, pois retém o sangue no pênis. Solte a imaginação e divirta-se!;
  1. Vá além da penetração: boca e dedos podem ser ótimos aliados na hora do prazer. Aproveite para tocar seu parceiro e praticar sexo oral;
  1. Estenda as preliminares: dedique um tempo maior para massagem corporal e masturbação mútua. Torne-as parte da relação sexual!

Sexo seguro

Não há comprovação de transmissão do novo coronavírus por meio da relação sexual, portanto ela não se configura como Infecção Sexualmente Transmissível (IST). No entanto, a prevenção de outras ISTs deve continuar, independente disso.

Embora a maioria dos casos de infecção pelo vírus HIV seja detectada na faixa etária de 25 a 39 anos, o número de infectados na faixa acima de 60 anos tem aumentado bastante. Dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids de 2018 do Ministério da Saúde indicam um aumento de 81% de casos nessa faixa etária (2006 a 2017), tanto em homens quanto mulheres. Muitas pessoas idosas demonstram resistência ao uso de preservativos (camisinha) pois tem uma série de crenças equivocadas: pensam que vão perder o tesão e a potência, que machuca, que não precisam se proteger pois não engravidam, dentre outras.  Além de saber que os homens continuam sendo férteis e podem engravidar uma parceira sexual que também seja, é fundamental compreender que, se utilizado da forma correta, o preservativo não machuca e previne uma série de doenças.

Conheça os sintomas de infecções sexualmente transmissíveis 

Apesar de existirem poucas campanhas preventivas voltadas para o público 60+, é importante que você se informe sobre como praticar sexo seguro e conheça mais sobre as ISTs para prevenir, reconhecer e tratar quando houver necessidade. Os principais sintomas que você deve ficar atento se praticou sexo sem proteção são: 

  • Ardência ou coceira: mais sentidas ao urinar ou nas relações sexuais. Há pessoas que sentem as duas coisas, outras somente uma e muitas pessoas não sentem nada e, sem saber, transmitem DSTs para seus parceiros;
  • Dor e mal-estar: embaixo do umbigo, na parte baixa da barriga, ao urinar, ao evacuar ou nas relações sexuais.

Para manter a vida saudável e prevenir doenças é fundamental usar sempre e corretamente a camisinha em todas as relações sexuais. Outras formas de prevenção consistem em não compartilhar agulhas e seringas com outras pessoas e só receber transfusão com sangue previamente testado. Algumas ISTs têm cura e outras – como a Aids – não. Mas, existem tratamentos que melhoram a qualidade de vida das pessoas infectadas.

Aproveite!

Cada vez mais as concepções sobre envelhecimento têm mudado e as pessoas 60+ estão se reinventando, buscando novos hábitos, novas carreiras, novos sonhos e novas formas de se relacionar. Se você teve uma vida sexual ativa, essa fase da vida pode ser uma oportunidade para vivenciar novas experiências e outros jeitos de fazer sexo. Se você não teve a oportunidade de viver uma vida sexual prazerosa, também pode ser um momento de descobertas e novos aprendizados. Os benefícios são inúmeros, tanto para a saúde do corpo quanto da mente, proporcionando mais qualidade de vida e equilíbrio. Aproveite!

Para você se informar mais sobre sexualidade 

Filmes/séries: Gracie and Frankie (série Netflix), O método Kominski (série Netflix), Harold and Maude (1971), Alguém tem que ceder (2003), E se vivêssemos todos juntos? (2011),  Elsa e Fred (2014), Nossas noites (2017);

Livros: A casa dos budas ditosos (João Ubaldo Ribeiro), A história da menina perdida (Elena Ferrante);

Material didático: Cartilha do Idoso – Um guia para viver mais e melhor. pág 23 a 25. (Ministério da Saúde, 2006) ;

Música: Conversa de botas batidas, Los Hermanos;

Vídeos: Sexo após os 60 – Théo Lerner

Dois: Amor e sexualidade na terceira idade

Como será? 60+: Amor e sexo entre os idosos

Por Mariane Coimbra


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