Para uma casa se transformar em um lar é necessário que ela deixe de ser apenas um abrigo. Precisa incorporar as relações simbólicas e interpessoais no ambiente construído. Em outras palavras, é justamente a história que carregamos e vivemos em nossas casas que dão significado ao ambiente. É o recheio que conta verdadeiras histórias de vida. Objetos, móveis, plantas fazem com que nos reconheçamos nos espaços, simplesmente porque conseguimos “ler” nossas histórias ali e através deles também conseguimos contá-las aos outros.
É interessante quando entramos em uma casa e temos a sensação de que ela parou no tempo. Pode ser que o morador esteja se apegando mais ao passado que ao presente ou ao futuro. O equilíbrio sempre é o grande desafio para nós. Sempre defendo que uma casa equilibrada é aquela que nos permite lembrar do passado, viver o presente e vislumbrar um futuro. Sua casa permite isso? Às vezes estamos tão apegados ao passado que não há espaço para o futuro.
Voltemos à palavra equilíbrio. Desapegar não significa jogar fora. Um objeto pode ter vários destinos. Ao doar algo para alguém querido que dê valor à peça é como repassar parte de nossa história a ele. Cada vez que ele ver o objeto se lembrará de você e do que significava para você. Vale mais que dar um objeto novo, justamente porque você está compartilhando suas histórias.
Outras peças podem ganhar novos usos dentro da própria casa. Um copo quebrado que faz lembrar de alguém ou de um evento pode se transformar em porta-lápis e a memória ser perpetuada. Uma colcha que era de um ente querido, mas que já está rasgada pode se transformar em uma capa de almofada, ou mesmo em um quadro. Renovar as memórias também pode ser muito interessante. Já pensou em fazer um rodízio de fotos no porta retrato?
Lembre-se de deixar espaço para novas memórias, novas histórias, novos amigos. Uma boa decoração é justamente aquela construída aos poucos, como a vida.
Pensando que o que dá valor e significado é justamente nossa história, fica mais fácil entendermos que não importa para onde vamos, porque ela sempre estará dentro de nós e podemos reproduzí-la em vários formatos e de diversas formas. Podemos materializá-la por meio de objetos, podemos contá-la através da escrita ou em um simples telefonema. É necessário fazermos um balanço de nossa vida. O que foi importante para eu me tornar quem sou hoje? O que tenho feito hoje que agregue à minha história? O que quero para meu futuro? A expressão de tudo isso, se dará de forma natural no ambiente externo. Foque no interno e depois compartilhe!
Texto escrito por Flávia Ranieri.
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Gostei demais da sua fala no encontro da Rede Longevidade. Achei muito legal você mostrar que faz isso de verdade. No dia seguinte fui arrumar meu armário procurando 2 lenços que minha avó fazia para colocar num quadrinho.