Conhecido como Junho Violeta, o período alerta sobre violências que a pessoa idosa pode sofrer e como podemos combater esse grave problema.
Ao longo do ano, campanhas de conscientização são lançadas e todos os meses ganharam cores relacionadas a algum tema importante para a população. Por exemplo, Outubro Rosa (câncer de mama) e Setembro Amarelo (combate ao suicídio). Aqui, vamos destacar o Junho Violeta, destinado à conscientização da violência contra pessoas idosas. Além disso, há também o 15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.
Essa data foi declarada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. Ela representa a oposição a qualquer forma de violência contra a pessoa idosa. Além disso, alerta e envolve a sociedade para coibir a violação dos direitos conquistados para a população idosa em nosso país.
Violência contra a pessoa idosa em números
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) divulgou que constam mais de 35 mil denúncias de violência contra a pessoa idosa, no período de janeiro a junho de 2022. Os dados são de um balanço do canal de denúncias Disque 100.
Nabin Chrain, ouvidor nacional dos Direitos Humanos, declara que 87% dos casos de violência contra a pessoa idosa acontecem em casa. Os(as) principais agressores(as) são filhos(as), seguidos por vizinhos(as) e netos(as). Um agravante é que essas pessoas, geralmente, residem com a vítima.
A faixa etária mais afetada pela violência é a que está entre 70 e 79 anos. Porém, os números referentes aos mais velhos também devem ser considerados.
Tipos de violência contra a pessoa idosa
Conhecer os tipos de violência contra a pessoa idosa é muito importante. Assim, vítimas e outras pessoas conseguem identificar atos que ferem a dignidade e o direito humano.
Nesse ponto, podemos elencar 8 formas de violência contra a pessoa idosa:
1. Psicológica
Ocorre quando alguém agride verbal ou gestualmente a pessoa idosa, com intenção de magoar, desmoralizar, desprezar, amedrontar ou discriminar. Pode levar à baixa autoestima, sofrimento mental, isolamento, solidão e quadros de depressão.
2. Física
Ocorre quando há uso de força de forma intencional para obrigar a pessoa idosa a fazer algo que não queira ou ferir e provocar dor. Pode deixar marcas e lesões no corpo, além de comprometer a integridade física da pessoa idosa e causar a morte.
3. Sexual
O abuso sexual ocorre quando a pessoa idosa é levada a ter relações sexuais ou práticas eróticas sem consentimento. O abusador faz uso de poder, força física, coerção, intimidação ou influência psicológica para violentar a pessoa idosa.
4. Financeira/Patrimonial
Consiste na exploração imprópria, ilegal ou ao uso não permitido pela pessoa idosa de seus recursos financeiros e/ou patrimoniais.
5. Abandono
Manifestado na ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção.
6. Negligência
É um tipo de violência que ocorre quando a pessoa idosa é negligenciada (descuidada) por quem deveria cuidar dela. É a recusa ou omissão de familiares e instituições responsáveis em prover cuidados básicos aos 60+.
A negligência é uma das formas de violência mais presentes no país. Ela se manifesta, frequentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais. Em particular, as vítimas são pessoas idosas que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.
7. Institucional
Acontece quando os agentes públicos ou outros profissionais que deveriam zelar pelos direitos das pessoas idosas não o fazem de forma efetiva. Assim, age de forma discriminatória e preconceituosa.
8. Autonegligência
Essa situação acontece quando a pessoa idosa não pratica autocuidado básico para manutenção da sua saúde.
Quando a falta de autonomia se transforma em violência
Autonomia é a capacidade de decisão do indivíduo na condução de sua vida. Isso nem sempre é respeitado quando se trata da pessoa idosa com capacidade cognitiva preservada.
Em algumas situações, ela é tratada como alguém sem capacidade de reger sua vida. A tendência é que familiares e/ou cuidadores imponham a sua vontade e não respeitem os desejos, as decisões e as ações do idoso. Isso pode ser por superproteção ou imposição.
Por exemplo, ao acompanhar a pessoa idosa à consulta médica, quem relata o motivo da consulta é o familiar ou cuidador, segundo seu ponto de vista. A pessoa idosa é privada de falar sobre sua vida, sintomas ou outras questões que considera importantes naquele momento. Pode acontecer também de o profissional se dirigir ao acompanhante e não à pessoa idosa ali presente.
Desconsiderar a vontade e as decisões da pessoa idosa sobre qualquer aspecto de sua vida torna-se uma forma de violência.
Violência contra idosos e a pandemia de Covid-19
A pandemia de Covid-19 expôs ainda mais a violência contra pessoas idosas, nas suas variadas formas, dando destaque ao preconceito tão exacerbado pela pandemia.
Além da violência no âmbito familiar, social e institucional, a pessoa idosa sofreu com a ideia de ser “descartável”. Parte da sociedade e do governo pareceu não se importar com a morte de pessoas idosas, fato que o Doutor Alexandre Kalache chamou de gerontocídio.
Hoje, devido à vacinação e aos cuidados básicos, como o uso de máscara, álcool em gel, higienização das mãos, estamos nos reerguendo frente à Covid-19. Porém, assim como devemos estar alertas frente ao coronavírus, devemos lembrar que o período registrou altos índices de violência contra a pessoa idosa.
Por isso, é importante conhecer mais sobre a violência contra a pessoa idosa, saber os canais de denúncias e efetivar essas denúncias. Assim, contribui para a dignidade da pessoa idosa em nosso país. Não tenha medo. As denúncias são anônimas e farão toda diferença na implementação de políticas públicas de combate à violência.
Junho Violeta e Rede Longevidade
Atuar com ações educativas pró-longevidade e envelhecimento saudável posiciona a Rede Longevidade como entidade atuante pelo bem-estar e no combate à violência contra a pessoa idosa. Junho Violeta é um mês importante para a nossa missão.
Convidamos as integrantes do grupo Inspira para produzirem mensagens que transmitam o cuidado com as pessoas. Assim, criamos laços que combatam a violência e promovam a cultura da paz. O objetivo é presentear pessoas queridas com mensagens positivas, mostrando que outro caminho é possível.
Assumimos um compromisso com essa causa ao produzir conteúdos e promover a discussão do tema nas nossas ações educacionais. Este ano, além das ações de divulgação dessa causa, procuramos mostrar outro caminho, em que respeito, amor e paz estão vivos e presentes na rotina.
Canais de denúncia
Vítimas e demais cidadãos contam com diversas formas de denunciar a violência contra a pessoa idosa.
Lembre-se! Você pode denunciar e fazer a sua parte.
Disque Direitos Humanos
Disque 100
WhatsApp (61-99656-5008)
Aplicativo Direitos Humanos Brasil
CRAS
Procure o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do seu bairro e converse com os profissionais. Eles podem orientar nesses casos.
Confira a lista das unidades do CRAS em Belo Horizonte.
Conselho de Direitos da Pessoa Idosa
Você também pode procurar o Conselho de Direitos da Pessoa Idosa da sua cidade.
Em Belo Horizonte, é o Conselho Municipal do Idoso.
Delegacia Especializada de Proteção e de Crimes Contra o Idoso
Acesse as informações sobre o atendimento em Belo Horizonte-MG.
Órgãos de segurança pública
190 – Polícia Militar
181 – Disque denúncia Polícia Civil
Mais leituras
A Central Judicial do Idoso (DF) elaborou uma cartilha sobre etarismo, mitos do envelhecimento e violência sofridas pela pessoa idosa.
Quem nunca? Reflexões sobre o preconceito em razão da idade
A Prefeitura de Belo Horizonte desenvolveu um guia para orientar profissionais no atendimento à pessoa idosa vítima de violência.
Guia de Atendimento à Pessoa Idosa em Situação de Violência
Acompanhe a cartilha da Polícia Civil de Minas Gerais.
Cartilha de enfrentamento da violência contra a pessoa idosa
Continue a leitura! Acesse o Blog da Rede Longevidade.