Por Karla Giacomin
Você compreende a importância, relevância das relações intergeracionais? No nosso mundo coexistem pessoas de várias gerações e cada geração tem sua própria maneira de ver o mundo. Somos diferentes, o que torna nossa vida tão dinâmica e interessante. Algumas gerações sabem mais dos sinais da natureza e só de olhar para o céu dizem se vai ou não chover.
Outras estão muito mais conectadas às tecnologias. Portanto, para o bem de pessoas de todas as gerações, pessoas mais novas e mais velhas devem ser estimuladas a conviver, para trocar histórias de vida e conhecimento. Todos temos muito a aprender e a ensinar.
Estar em contato com pessoas de outras gerações também nos anima a nos mantermos curiosos em relação ao tempo presente e às trajetórias de vida de cada um. Distintas experiências de vida se somam e podem tornar a vida mais interessante e rica. Porém, muitas pessoas estão habituadas a conviver somente com pessoas da mesma faixa etária. Isso é bom, mas nos priva de conhecer outras formas de ver o mundo.
Cuidar das relações intergeracionais é o que faz o mundo evoluir. Cada geração entrega à próxima mais do que recebeu. Precisamos cuidar melhor uns dos outros, valorizando saberes, experimentando sabores, construindo novas e saudáveis relações com pessoas mais velhas e mais jovens que nós.
Mais do que promover a convivência, é importante cuidar para construir harmonia e solidariedade entre as gerações. Este nosso desafio contemporâneo é absolutamente necessário. Por onde começar?
Várias instituições oferecem este tipo de oportunidade:
– Escolas tradicionais, de idiomas e as universidades;
– Espaços de inclusão digital;
– Grupos de igreja e de voluntários;
– Experiências relacionadas às artes: aulas de pintura, de teatro, de cerâmica, participação em corais, escolas de música;
– Entidades relativas à dimensão política da sociedade, como os conselhos de direitos e de políticas públicas, os movimentos sociais, a defesa de causas (proteção dos animais, preservação do meio ambiente, entre outras);
– Grupos de categorias profissionais.
Tudo está aí à nossa disposição. O próprio ambiente de trabalho, nossa vizinhança, nossas famílias são incríveis laboratórios intergeracionais.
Se a vida passa muito rápido, o mundo muda mais depressa do que conseguimos acompanhar, precisamos, mais do que nunca, ocupar espaços e fazer diferença no nosso tempo presente. É importante quebrar preconceitos, romper a inércia que nos deixa acomodados aos nossos grupos de conhecidos e arriscar um pouco mais. Cuidar das relações intergeracionais é exatamente isso: estar disposto a conhecer pessoas diferentes, aprender mais, sonhar um mundo mais divertido, mais igualitário, exatamente porque aceita e respeita as diferenças.
Nosso convite é para que você comece hoje a buscar pessoas que tenham conhecimentos e experiências muito diferentes das suas, arrisque-se a matricular-se em uma escola para aprender algo novo com pessoas de gerações diferentes da sua. Isso também tornará sua vida ainda mais gostosa e cheia de sentido.
Referências bibliográficas: Tarallo, R.dos S. (2015, Jun.). As relações intergeracionais e o cuidado do idoso. Revista Kairós Gerontologia, 18 (N.o Especial 19), Temático: “Abordagem Multidisciplinar do Cuidado e Velhice”, pp. 39-55.
Biografia:
Karla Giacomin é uma renomada médica geriatra, doutora em Ciências da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. Ela é atualmente a Vice-presidente do ILC Brasil (International Longevity Centre Brazil) e atua como consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Políticas Públicas e Envelhecimento. Reconhecida por sua influência global na promoção do envelhecimento saudável, Karla Giacomin foi eleita uma das 50 pessoas com mais de 50 anos mais influentes no mundo nessa área. Além disso, é coordenadora da Frente Nacional de Fortalecimento às Instituições de Longa Permanência para Idosos e é presidente da organização Cuidadosa. Em 2022, Karla Giacomin foi premiada como liderança de impacto em Belo Horizonte com o Prêmio Pró-Longevidade.